Arquivo mensal: maio 2011

A História de Nossas Vidas

E de novo, é a história de nossas vidas.

Apresentando:
A incrível Poetisa
O inacreditável Homem-Cinza
A mitológica Pandora
O imensurável Eu

Mas não se engane, o roteiro se perdeu. Os caminhos se confundem e nada é o que já se imaginou.

“Que porra está acontecendo?” grita o diretor. Não faço a menor idéia. Cada um esqueceu seu papel e encena o que quer. A incrível Poetisa vive agora uma vida bem poética, que nem a da Maísa. O inacreditável Homem-Cinza acha que é Homem-de-Lata. A mitológica pandora está mais pra uma gatinha manhosa dos deuses. E Eu? Não faço mais meu papel, eu não sou Eu. Virei mero coadjuvante.

“A trilha sonora sumiu? Cadê o sonoplasta dessa merda?” branda o diretor. Ao que o sonoplasta responde “Não há som”. “O silêncio venceu?”. “Pior! Venceu o silêncio terrível, eles falam tudo menos o que deveriam”.

Reúnem-se. Decide o diretor: “Eu, vou ter que te cortar. Você está horrível, não dá mais”. E respondo: “Não pode! Mim não conjuga verbo, Ter que ser Eu!”.

Você que assiste a tudo inerte, pode ir embora se não for pra estar aqui de verdade.

Incrível Poetisa, onde está a beleza de tua poesia? Engarrafada em algum bar sujo da cidade?

O que vem a ser Pandora quando é preciso lidar com o Deus da morte?

E o Homem-Cinza, que sendo cinza nunca chegará a ser homem. Não há lógica, há? Cores (ou a falta delas) são sensoriais, não racionais.

Esperança assistia a nosso espetáculo, mas foi embora. Se ela é a última que vai, o que resta?

No fim do espetáculo da história de nossas vidas, não existe aplausos. Há choro, dor e desespero.

 

Thiago B.

Dente de Leão

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E mais uma vez, estou cansado. Aparentemente não tem motivos aparentes. Foram apenas palavras vazias, nada que eu não tivesse escutado antes, mas sei lá, acho que depois de tanto tempo haveria algum progresso.

Eu acho que deveria dar um tempo, mas me cansei disso também. Esses jogos de silêncio não são bons ou proveitosos. Deixam um vazio. A coisa toda fica incompleta. Incomoda, faz parecer que a caneta tá sem tampa.

Aquela resposta de tempos atrás, até hoje não tive. E claro que a esse ponto, minha mente raciocina. Se antes eu achava que era ainda não havia uma resposta, penso agora que você espera que o tem a dizer mude. Pior do que dizer um “eu te amo” é um “obrigado”.

Eu já tinha pensado em me afastar, antes mesmo de você dizer. É, talvez seja melhor assim. Mas sempre fica aquela sensação de vazio. De qualquer jeito, isso passa. Sempre vem a vai.

Eu vou sim, não se preocupe. Não deixo lembranças, ou o que quer as pessoas deixam pra trás. Na sua mão deixo apenas um dente de leão. A decisão não é mais minha. Anda, assopra. Voa fácil com o vento. Ou  deixe onde está, até apodrecer.

Thiago B.

não ousa, não faz

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me usaste como experiência. na tua mão fui brinquedo, cobaia. não teve graça, foi doído e sem aviso prévio. o que eu não tinha, não era direito teu tirar de mim. qual foi meu erro mesmo? você sempre vai dizer que foi a confiança. a questão é: chegamos mesmo no ponto em que a confiança é algo a se desconfiar? é claro que é uma pergunta retórica. não ouse responder.

não é possível que eu esteja certo todas as vezes, mas eu sei, e você também sabe, que muito do que eu disse é verdade.  dói, a verdade? só quando a gente continua de olho fechado tropeçando pelo caminho. e falando em admissão, eu admito que posso estar cometendo um terrível engano. é interessantíssimo essas pessoas que são como labirintos, mas já aviso que não tenho o fio de ariadne. faça uma retrospectiva. cinco meses atrás pra hoje. é um avanço, acho eu. quantos chegaram onde estou hoje? esqueça, não quero saber a resposta. tenho medo. e se minha importância for insignificante?

antes de acusações vis, eu entendo o que fez. quem sabe um dia eu agradeça. por enquanto eu ainda acho essa história um tanto estranha.

você pode ficar decepcionado e achar que toda aquela coisa que você fez foi em vão, não se preocupe, não foi, só estou desabafando.

mas você não pode me pedir confiança, não é mais como era antes. era essa sua intenção?

se você quer o bem de uma boa pessoa, então não ousa, não faz. já passou, fica junto enquanto vem a tempestade.

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Thiago B.

a calmaria antes da tempestade

Lembro, sempre lembro. É preciso lembrar, mas lembrar antes.

Não esqueço das palavras, dos risos, dos movimentos e os sentidos e movimentos envolvidos. Não esqueço as hesitações, a fala trêmula, o balançar dos pés.

Sempre recordo das promessas. E das premissas.

Acima de tudo, em lembro de mim, Minhas palavras, minhas promessas. Nesse momento, eu paro e analiso quantas palavras minhas foram até agora, em vão.

Minha  conclusão? Tenho que ser mais cuidadoso.

O que digo, e principalmente o que escrevo, é sagrado pra mim. E embora por vezes eu exagere, não cometeria tamanha profanação em mentir.

Não tenho talento, não tenho inspiração. É mais como uma válvula de escape. Alguns batem no travesseiro, outros batem em pessoas, alguns fazem terapia, alguns escrevem.

E quem escreve quer saber, coloca nostalgia no café, come um cupcake, recorta poesia, brinca de deuses do olimpo, tem uma lente distorcida.

E paga o preço do que ainda está por vir.

 

Thiago B.

Possibilidades inversas

Esse texto é uma resposta à: time is running out

Não foi fácil. E ninguém disse que seria. Mas de alguma forma, a gente achou que aquela história toda ia dar certo. De fato, no começo, foi um sucesso, eu já tinha experiência e havia passado por etapas em que você ainda sofria pra entender. Mesmo sem te conhecer bem, eu te julguei naquela época. Frouxa, lembra? Claro que lembra. Eu não compreendia o que já está claro pra mim há tempos. E pressionei, pressionei. Não preciso descrever as desventuras em série que te levaram ao famigerado momento da descoberta. É tua maldição lembrar para sempre. Nossa maldição. Se queres voltar para dezembro passado onde tudo era fira, desejo voltar no tempo até antes de te conhecer. Acho que de certa forma fiz mais mal a ti do que bem. É só uma possibilidade inversa, mas há uma chance de tudo isso ter um propósito e nos tornamos pessoas melhores do que ontem, melhores do que hoje. O problema, minha cara, é que minhas possibilidades inversas estão, no momento, invertidas.

(sem música, porque há coisas que precisam ser ditas em silêncio, no calor de um abraço e em entonação de uma prece)

Thiago B.

Mona Lisa

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Não é que não goste quando você acerta, é só que eu não gosto de estar errado. Você vira pra mim e diz todas aquelas coisas obvias que eu ignoro quando a raiva vem.

Dessa vez, não vou dar motivos para o que foi um comportamento inadequado. Independentemente das razões, eu não deveria ter virado as costas daquele jeito.

Se serve de consolo, por um instante ou dois eu parei e esperei você chegar. Mas me arrependi do arrependimento e continuei no erro.

E quando você me segurou pelo braço eu relutei pelo simples motivo que eu  sabia que isso ia me acalmar e naquele momento eu queria explodir o mundo.

Estranho e vergonhoso admitir, mas eu aprecio seu toque. Você lembra do caso que fiz com um abraço inapropriado. E o dia já tinha sido ruim o bastante.

Você diz que não suporta me ver daquele jeito, que dói em você. Você diz que me ama também. Mas você não consegue me olhar nos olhos e falar num claro e sonoro português.

E sabe qual é a pior parte? É que você age como se não houvesse nada. Quer saber? Eu sou exposto mesmo. Não coloco um sorriso falso quando não quero sorrir. E olha, eu não tô falando que você tem que ser tão aberto quanto eu. Mas você continua sendo o mesmo homem cinza de sempre. Acho mesmo que você tá tentando, mas eu ainda preciso daquela resposta. Eu não posso e nem vou esperar para sempre.

Você sabe, mas acho que não entende que não é como os outros. Você não é  só mais um. E você não vai embora tão fácil.

És Mona Lisa do meu museu. E o sorriso já nem é mais tão intrigante.

Thiago B.

1929

Acho que não sabia o nome daquele tempos atrás. Não sei como, não sabia. Quando dei por mim, estavam me falando que se chamava Thiago e era legal. Legal o nome, legal a pessoa também. Olha, confesso, sou cética. Sou Tomé e não acredito em Buda nem em botox. Tive que pagar pra ver. Era legal mesmo, olha só! Sabe quem é Santana, já viu a Louise Brooks em Pandora’s Box e tem um abraço ótimo. Qualquer pessoa que já viu um filme de 1929 tem lugar eterno dentro do meu coração, com direito a banco estofado na primeira fila.

(Pausa para rir porque Vanessão me contou uma piada infame: “Qual o sonho de toda cobra?” “Ser pente”! *cry*)

Acho interessantíssimo ter tido aventuras de Sessão da Tarde num Lakeside com ele. Lembro sempre. Fiquei com o pâncreas em quase infarte com aquelas curvas no meio do mato!

Thi delíçia , tão pouco tempo e tanto, tanto, tanto carinho cultivado. Estranho voltar ao CCBB sem você. Pode deixar que eu vou dar muitos amassos no escuro para honrá-lo! Mentira. Até parece que vou me distrair de um filme. Mas depois… Whatever!

No final de tudo, quero dizer que te desejo parabéns, mas não pelo aniversário, porque dias não merecem ser glorificados, mas sim por tudo que você, honey, é e representa para todos nós. Seus amigos (Eu acho né?!)

B. Milhomem

04/05/2011

with love darling ♥

Além da Membrana Plasmática

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Existem verdades que deviam libertar, mas prendem. Sempre há, em volta das pessoas, muros, pontes, linhas, chaves, cadeados, combinações, membranas.

Vivi muito tempo preso, por isso não sei sobre como funcionam as barreiras alheias. E desde que me libertei ou fui liberto , faço linhas na areia. É fácil ultrapassar. Mas pra ir embora, a saída tem que ser forçada. Isso sempre causa dor. People always leave. Quebram ao te deixar.

Na minha vida, há na maioria das pessoas, muros que me impedem de entrar definitivamente em suas vidas. A consequência? Estou sempre a forçar, lutando num interminável cabo de guerra. Eu forço pra que sempre saiam das suas barreiras. Colocar mesmo o dedo na ferida.

É claro que cansa, é inevitável que chega uma hora que você pensa se vale a pena continuar puxando.

São nessas horas que eu percebo que sou forte. Eu não desisti de te fazer enxergar. Quero teu bem.

Por muito tempo, eu achei que no fundo eu era uma pessoa ruim e mesquinha. E sou. Mas minha preucupação contigo me faz uma pessoa melhor. E olha que eu não achava que era capaz de ser altruísta como eu tenho sido. Acredite, eu sou uma pessoa melhor do que você conhece. Aliás, do que eu conheço. Sou forte o bastante pra tá ali, de pé e me abaixar pra pegar tua mão e te puxar pra cima. Mesmo que eu escorregue um pouco.

Fui saindo dos meus limites e conhecendo gente nova. Isso faz bem. Se esconder e ficar longe agora não vai solucionar as coisas. Mas se é o que você consegue fazer no momento, não tem problema. Eu estarei aqui, te esperando. Pra gente encontrar uma solução para os nossos problemas.

E quando estiveres pronto, dê uma olhada para fora. Além da membrana plasmática, há cores, vidas, amores. Tudo num plural estranhamente singular.

Obs: Ouça a música e veja a tradução. 

Thiago B.